quarta-feira, 19 de junho de 2019

E as lágrimas chegaram ao céu...


É estranho mas esta música não me traz instantaneamente à memória nem o triste acontecimento que lhe deu origem nem a primeira vez que a ouvi. Bom, talvez a primeira (e única) vez que a OUVI.

Passo a explicar. Faz-me lembrar a ocasião em que vi ao vivo o Eric Clapton a tocá-la. Vi-o ao vivo sem ele lá estar e sem ter nenhum vídeo... parece estranho?... O segredo é que eu fui ver o Audio Show, uma mostra de alta-fidelidade que tem lugar em Lisboa anualmente. Havia lá uma sala em que a o sistema que estava em demonstração era tão soberbo, tinha uma imagem estereofónica tão bem desenhada que quando me sentei a ouvir a música, e fechei os olhos para evitar as distrações visuais, vi o Eric Clapton a tocar o Tears in Heaven. Vi-o perfeitamente, vi os dedos a percutir as cordas, vi o modo com a mão esquerda dele parecia mover-se lentamente ao longo do braço da guitarra acústica mas parecia, ao mesmo tempo estar em dois pontos distintos ao mesmo tempo, vi perfeitamente os movimentos do baterista que usava as escovas. apesar de não lhe ver a cara, enfim, vi a imagem completa do concerto... mas nem sequer havia uma televisão na sala! Foi um daqueles momentos em que, de repente, aprendemos e interiorizamos algo que no fundo nunca pensámos ser verdade, o que, nesta instância, foi o facto de realmente haver diferença significativa entre um sistema de som verdadeiramente excelente e um sistema simplesmente adequado. Após esta experiência fiquei de alguma forma alterado mas permaneço o mesmo, como é usual com grande parte das experiências: Contínuo a gostar de ouvir o Eric Clapton, contínuo a gostar de ouvir música no meu sistema de som, mas fiquei com outra perspectiva. Sempre que ouço uma música que é excelente imagino quão excelente poderia ser se ouvida naquele sistema de som…


Paulo Lopes

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