Clássicas ou mais contemporâneas,
tradicionais ou mais alternativas, há músicas que, na época natalícia, se
repetem incessantemente e que constituem um reportório que ouvimos
invariavelmente por todo o lado. E a música molda o nosso estado de espírito de
uma forma incontrolável.
Sempre que ouço “All I want for Christmas is you” não
consigo ficar indiferente e, de imediato, sinto vontade de cantar e dançar. O
ritmo acelerado, as batidas bem marcadas, tantas vezes acompanhadas por
campainhas/sinos que nos fazem lembrar as renas e o Pai Natal, despoletam em
mim, uma boa disposição acrescida, quase contagiante.
Não sei se esta ou outra qualquer
música, têm semelhante efeito noutras pessoas, mas o que é certo é que no
Natal, seja pela música, ou pelo brilho das luzes e pelas cores características
da época, de facto, encontramos na maioria das pessoas, uma predisposição para
serem mais alegres, gentis, generosas, solidárias, capazes de grandes ações e
feitos altruístas.
Infelizmente, é um estado
temporário, com prazo de validade curto.
Ouvimos muitas vezes dizer “Natal
é quando o Homem quer” ou “Natal deve ser todos os dias”.
Então porque é que o Homem não
quer? Porque é que afinal não é Natal todos os dias?
“Bicho” complicado este Homem!
Diz querer o que não consegue querer. Não faz o que deveria fazer.
Apesar de toda a envolvência, nem
a própria época consegue viver em pleno, perdendo-se, tantas vezes, no
acessório, naquilo que é secundário.
Ocupado a enfeitar a árvore de
Natal, a fazer o presépio e a decorar a casa “à altura do momento”, esquece-se
de olhar para além do seu ninho e pensar naqueles que apenas têm “um metro
quadrado” de chão sem árvore e sem presentes, na maioria das vezes, sem comida,
sem família, sem afeto.
Maravilhado com as luzes da época
natalícia, e encandeado com o seu brilho, perde-se nas ruas, nas lojas, à
procura do presente ideal, do presente especial, do presente necessário, do
presente personalizado, do presente sonhado, do presente ...
Embrenhado na cozinha, entre
filhós e rabanadas, porque Natal sem doces, não é Natal, e quere-se uma mesa
farta, não dá conta do tempo a passar e quando acaba de “pôr a mesa” já as badaladas
da meia-noite ditam a abertura dos presentes, que os mais pequeninos tantas
vezes querem antecipar, tal é a ansiedade pela chegada do momento.
A família reúne-se, mas nem
sempre em união de facto. Reúne-se no tempo e no espaço, mas nem sempre na
comunhão e na partilha. Esqueceu o mais importante: estar por inteiro. Esqueceu-se
de valorizar o momento: de união e não apenas de reunião.
Paula Lopes
Paula Lopes
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