sexta-feira, 28 de dezembro de 2018

All I want for Christmas is... Christmas


Clássicas ou mais contemporâneas, tradicionais ou mais alternativas, há músicas que, na época natalícia, se repetem incessantemente e que constituem um reportório que ouvimos invariavelmente por todo o lado. E a música molda o nosso estado de espírito de uma forma incontrolável.

Sempre que ouço “All I want for Christmas is you” não consigo ficar indiferente e, de imediato, sinto vontade de cantar e dançar. O ritmo acelerado, as batidas bem marcadas, tantas vezes acompanhadas por campainhas/sinos que nos fazem lembrar as renas e o Pai Natal, despoletam em mim, uma boa disposição acrescida, quase contagiante.


Não sei se esta ou outra qualquer música, têm semelhante efeito noutras pessoas, mas o que é certo é que no Natal, seja pela música, ou pelo brilho das luzes e pelas cores características da época, de facto, encontramos na maioria das pessoas, uma predisposição para serem mais alegres, gentis, generosas, solidárias, capazes de grandes ações e feitos altruístas.

Infelizmente, é um estado temporário, com prazo de validade curto.

Ouvimos muitas vezes dizer “Natal é quando o Homem quer” ou “Natal deve ser todos os dias”.

Então porque é que o Homem não quer? Porque é que afinal não é Natal todos os dias?

“Bicho” complicado este Homem! Diz querer o que não consegue querer. Não faz o que deveria fazer.

Apesar de toda a envolvência, nem a própria época consegue viver em pleno, perdendo-se, tantas vezes, no acessório, naquilo que é secundário.

Ocupado a enfeitar a árvore de Natal, a fazer o presépio e a decorar a casa “à altura do momento”, esquece-se de olhar para além do seu ninho e pensar naqueles que apenas têm “um metro quadrado” de chão sem árvore e sem presentes, na maioria das vezes, sem comida, sem família, sem afeto.

Maravilhado com as luzes da época natalícia, e encandeado com o seu brilho, perde-se nas ruas, nas lojas, à procura do presente ideal, do presente especial, do presente necessário, do presente personalizado, do presente sonhado, do presente ...

Embrenhado na cozinha, entre filhós e rabanadas, porque Natal sem doces, não é Natal, e quere-se uma mesa farta, não dá conta do tempo a passar e quando acaba de “pôr a mesa” já as badaladas da meia-noite ditam a abertura dos presentes, que os mais pequeninos tantas vezes querem antecipar, tal é a ansiedade pela chegada do momento.

A família reúne-se, mas nem sempre em união de facto. Reúne-se no tempo e no espaço, mas nem sempre na comunhão e na partilha. Esqueceu o mais importante: estar por inteiro. Esqueceu-se de valorizar o momento: de união e não apenas de reunião.




Paula Lopes

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